terça-feira, 23 de março de 2010

NÚMERO DE CHEQUES SEM FUNDOS É O MENOR EM 13 ANOS


Comerciantes feirenses evitam o pagamento com cheque


O número de cheques devolvidos por falta de fundos no Brasil em fevereiro de 2010 foi o menor desde março de 1997. Os cheques sem fundo foram 1,607 milhão no mês passado, enquanto o recorde de 13 anos atrás foi de 1,419 milhão. Os dados foram divulgados ontem (18) pelo Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.
Segundo o relatório dos economistas da Serasa Experian, o menor número de cheques devolvidos é consequência do crescimento econômico, em especial o registrado a partir do segundo semestre de 2009. Isso significa que, com o aumento dos níveis de emprego e de renda da população, os brasileiros se esforçaram para não deixar dívidas em aberto e evitaram se comprometer com cheques sem fundo.
O diretor executivo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Feira de Santana, Rui Santana, também atribui essa diminuição ao fato da “grande maioria” dos empresários não aceitar mais o cheque como forma de pagamento. “Os comerciantes não confiam mais no cheque. Hoje, o cheque não chega nem a 5% da inadimplência do SPC de Feira. Isso, porque a circulação diminuiu entre os empresários. A credibilidade dessa forma de pagamento tende a diminuir a cada dia”, acredita o diretor.

REDUÇÃO
O Serasa Experian destaca também que fevereiro teve um número geral menor de cheques em fevereiro do que em janeiro, mas o resultado não foi tão discrepante. Foram compensados 1,85% a menos de cheques em fevereiro do que em janeiro. É o patamar mais baixo em 17 meses, desde setembro de 2008.
A diferença maior é em relação a fevereiro do ano passado. Naquele mês, os brasileiros compensaram quase 95 milhões de cheques, dos quais mais de 2 milhões foram devolvidos. Ou seja, os brasileiros assinaram menos a folhinha e isso influenciou no resultado do mês passado.

COMERCIANTES
“Quanto menos cheques, menos calotes”. É no que acredita o comerciante Francisco Lucena Silva, que ao longo da vida de negociante já recebeu um número significativo de cheques sem fundo. “A inadimplência é muito grande. Hoje, não aceito cheque de forma alguma. Comigo, só com cartão ou à vista, o que é melhor ainda”, diz o comerciante.
Para Abizailda Gomes, gerente de uma loja de móveis na cidade, o cheque perdeu “totalmente a credibilidade”. “Nosso forte é cartão. As pessoas andam desonestas demais para confiarmos. Temos lojas em vários estados – Sergipe, Alagoas, Pernambuco e aqui na Bahia – e em todas elas só é aceito cartão de crédito”, salienta a gerente, que há trinta e dois anos trabalha no comércio.
Mas ainda há quem confie no cheque como forma de pagamento. É caso do gerente Giliardo Santiago. Segundo ele, o cliente dá uma entrada e o resto da compra é divida em duas vezes no cheque. “Quem trabalha com cheque está sujeito à inadimplência. Como aqui trabalhamos com atacado, não podemos deixar de trabalhar com essa forma de pagamento”, diz o gerente, que afirma fazer consulta ao SPC e ao Serasa antes que o cliente efetue a compra.

INADIMPLENTES
O Amapá é o Estado campeão em cheques sem fundos: 13,59% do total de compensados, alta em relação aos 11,93% registrados em janeiro. Também pela segunda vez no ano, São Paulo é o estado com o menor percentual, 1,41%.
A Região Norte registrou o maior percentual de cheques devolvidos, 4,39%, enquanto a Região Sudeste marcou o menor índice, 1,53%.
Por Williany Brito
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 19.03.2010)

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