sexta-feira, 5 de março de 2010

INTERNET: MANEIRA DE FUGIR DA HORA DIFÍCIL

A psicóloga Érica Soares (foto) considera terminar um namoro pela internet uma forma de evitar o enfrentamento. Segundo ela, ficou mais fácil desenvolver relacionamentos, “na verdade, superficiais, artificiais e, consequentemente, impessoais”.
“A internet virou meio onde posso lançar mão e fazer uma coisa que pra mim é desagradável, pois vou ter que encarar a pessoa, dar desculpas – que muitas vezes não são reais. Daí, deixo uma mensagem ou e-mail e transmito aquilo, e acabou”, diz.
De acordo com a especialista, relacionamento é questão de troca, é algo subjetivo, que exige envolvimento, tempo e diálogo. “Algumas pessoas não estão tendo tempo nem estão dando o devido valor pra isso. Internet virou essa máquina de fazer e desfazer relacionamentos da maneira mais fácil e distante, sem ter que se envolver”, afirma Érica.

CONSEQUÊNCIAS
Da mesma forma que teve coragem de iniciar, por que não chegar rosto a rosto e falar que não dá mais? A especialista explica que a relação que tende a “coisificar” o outro é negativa. “Devemos resgatar essas relações de poder respeitar, de poder vê no outro como uma pessoa que tem sonhos, desejos, expectativas. Tudo isso é anulado e negado, quando eu faço e ajo dessa forma”, diz Érica.
Segundo ela, as desilusões são muito proporcionais às expectativas que se lança nesses relacionamentos. “Conheço pessoas que desenvolveram alguns distúrbios psicológicos em razão de alguns términos pessoais, onde uma pessoa, simplesmente, chegou e disse que não dá mais, sendo que ontem estavam sonhando com o casamento. Essa atitude tira o chão da pessoa, que lançou toda uma expectativa de vida, sonho, e acabou”, conta.
As consequências do termino pela internet podem não ser boas para ambas as partes. Mas Érica diz ser mais complicado para quem recebe a notícia do fim. "Numa relação a dois, tem de existir o espaço para a pessoa soltar seus sentimentos. Na situação on-line não há isso", afirma. Ela diz que o rompimento virtual só é “vantagem” para quem termina. “A pessoa que foi vítima, claro que ela vai sofrer, a não ser que ela esteja nesse mesmo ritmo de aventura, de estar curtindo enquanto dá certo. Ela vai sofrer aquele impacto, mas logo se refaz”, afirma
.
Por Williany Brito
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 28.02.2010)

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