segunda-feira, 22 de março de 2010

“AS MULHERES NÃO PODEM SOFRER CALADAS”, DIZ DELEGADA

Martine Velloso: “O número de queixa tende a aumentar porque a mulher,
hoje, está se conscientizando, resgatando seus direitos”

A violência contra a mulher não está restrita a classe social, não escolhe raça ou idade. Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofrem caladas e não pedem ajuda. De acordo com a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), Martine Velloso, isso acontece pelos laços de afetividade familiar ou, até mesmo, pela dependência financeira.
“Os problemas de casais são ligados à afetividade e por laços de amor, além dos filhos. Há toda uma cobrança familiar. Para a mulher, é muito difícil dizer ‘chega, vou me separar’ e ir em busca da independência. Então, ela é ligada também financeiramente. É toda uma gama de cobranças, mas ela precisa romper essas barreiras”, diz a delegada.
Comparada com a mulher de outras gerações, hoje, na visão da delegada, a mulher está se “conscientizando e resgatando seus direitos”. “Antigamente, as mulheres não rompiam um relacionamento por causa da submissão financeira. Mas, hoje, com a maior facilidade de se inserirem no mercado de trabalho, elas têm buscado essa independência e têm terminado no momento certo os relacionamentos”, explica.

A DENÚNCIA
As mulheres que sofrem violência podem procurar qualquer delegacia, mas é preferível que elas se dirijam às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher (DDM). A mulher vítima de violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados Especiais, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e em organizações de mulheres.
“É importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos e pais, por exemplo) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor”, orienta
Dependendo do tipo de crime, a mulher pode precisar ou não de um advogado para entrar com uma ação na Justiça. Se ela não possuir condições financeiras, o Estado pode nomear um profissional especializado para defendê-la. Em alguns casos, a mulher pode ainda pedir indenização pelos prejuízos sofridos. Para isso, ela deve procurar a Promotoria de Direitos Constitucionais e Reparação de Danos. Há casos, segundo a delegada, em que muitas vezes a mulher se arrepende e desiste de levar a ação adiante. “Isso não é bom, pois as agressões podem voltar a acontecer. As mulheres não podem sofrer caladas”, diz Martine.
Por Williany Brito
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 21.03.2010)

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