segunda-feira, 1 de junho de 2009

MULHERES SÃO MAIS AFETADAS PELO CIGARRO

“Estava desesperada para deixar de fumar. Tentava, mas não conseguia sozinha. Só um fumante sabe bem das dificuldades”. Dessa forma, a dona de casa Valéria Nascimento, 45 anos, descreve os momentos de tensão e sofrimento que enfrentou antes de procurar ajuda de especialistas e deixar definitivamente a dependência da nicotina.
No Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado hoje, 31 de maio, as atenções voltam-se para as mulheres, que passaram a ocupar mais espaço entre as vítimas fatais do câncer de pulmão – doença diretamente ligada ao tabagismo. As estatísticas mostram que, entre 1990 e 2002, o câncer de pulmão saltou de quarto para segundo lugar no ranking dos tumores que mais matam pacientes do sexo feminino no Brasil, perdendo apenas para o câncer de mama.
Durante muitos anos, o tabagismo foi visto como uma opção por um estilo de vida. Porém, hoje é reconhecido pela ciência como uma doença causada pela dependência de uma droga, a nicotina. Valéria era uma das milhares de pessoas a passar anos se expondo a mais de 4.700 substâncias tóxicas, que causam graves doenças incapacitantes e fatais como câncer, doenças cardiovasculares e pulmonares obstrutivas crônicas.
Em Feira de Santana, através da Secretaria Municipal de Saúde e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS ad) Dr. Gutemberg de Almeida, foi implantado o Programa Municipal de Controle do Tabagismo, que busca possibilitar uma melhor qualidade de vida à população, com um trabalho de prevenção e promoção à saúde. Foi com o apoio do núcleo que Valéria encontrou ajuda para deixar o vício.
Mas, o contrário do que muitos pensam, não é fácil para o fumante acostumar com a ideia de nunca mais colocar um cigarro na boca, principalmente quando se fuma há muitos anos, como é o caso de Valéria. Fumante desde os 12 anos de idade, ela conta que essa não foi a primeira tentativa de parar de fumar.
“Entrei no CAPS no final do ano passado. Comecei o tratamento com psicólogo, depois passei pelo psiquiatra, usei adesivos e antidepressivos, mas não consegui continuar e acabei voltando a fumar”, conta a dona de casa, que voltou a buscar ajuda há um mês e se diz recuperada, mas salienta: “A partir da próxima semana, não precisarei ser acompanhada semanalmente pelos médicos. Agora, os encontros serão de dois em dois meses”.

AUMENTO DE PESO
Perguntada sobre a principal mudança em seu corpo, Valéria afirma que está “mais gorda”. Os nutricionistas explicam que a nicotina, além de acelerar um pouco o metabolismo, também suprime o apetite. Quando se está a trabalhar e não se tem muito tempo para parar, é (ou era) aparentemente mais fácil pegar num cigarro e continuar o trabalho do que interromper o trabalho para comer.
“Parar de fumar é igual quando terminamos o namoro, temos que fazer algo para não pensar naquilo que não quer sair da cabeça. E é isso que venho fazendo, ocupo meu tempo com algumas atividades, como, por exemplo, caminhar. Isso é muito importante, pois, além de não pensar no cigarro, perco alguns quilinhos”, comemora, sorridente.

Por Williany Brito
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, como manchete do dia 31.05.2009 )

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