terça-feira, 13 de abril de 2010

VENDA DE “PÍLULAS DO DIA SEGUINTE” CRESCE NO PERÍODO DA MICARETA

Foliões que abusaram e fazeram sexo sem proteção vão da folia direto para as farmácias atrás das pílulas contraceptivas, conhecidas como “pílula do dia seguinte”. A medicação, que é vendida sem a necessidade de apresentação de receita no Brasil, pode ser tomada até 72 horas após o ato sexual sem proteção. Muitas pessoas extrapolam nesta época e o reflexo é visto nas farmácias. De acordo com seis drogarias do centro de Feira de Santana visitadas pelo FOLHA DO ESTADO, durante a micareta a procura pelo medicamento dobra.
É como conta a balconista de uma das farmácias, Vânia Silva de Carvalho. “Não temos estatísticas, mas sempre depois da Micareta ou de outras festas assim, há aumento na procura por pílulas do dia seguinte”, contou ela, que salienta: “Festa e bebida. As pessoas acabam esquecendo a camisinha, e terminam recorrendo à pílula”. Além de vender, os funcionários são orientados a informar os clientes quanto ao uso do medicamento, que deve ser utilizado apenas em casos extremos e não com regularidade.
“Nos domingos e nas segundas-feiras as vendas sempre aumentam. Cerca de 20 caixas de pílula do dia seguinte são vendidas nesses dois dias. No período da micareta, esse número duplica, chegando a vender aproximadamente 40 caixas do medicamento”, afirma a balconista Eliane da Silva.
A vendedora Raiane Carvalho contou que o aumento na procura pela “pílula do dia seguinte”, nessa época, é incontestável. “As pílulas já começam a ser vendidas logo na quarta-feira, início da micareta, e esse aumento na procura por este produto vai até à segunda-feira”, afirma a vendedora.
A procura pelo medicamento, ingerido via oral pela mulher, muitas vezes está associado à falta de preservativo na hora do ato sexual. E mesmo que diminua a possibilidade de gravidez, caso ser ingerida logo após o ato sexual, a pílula não protege de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST‘s) e Aids.
Concordando com o aumento na procura durante a micareta, farmacêuticos apresentaram algumas das diversas marcas disponíveis no mercado, que variam de R$ 16 a R$ 21 por cartela, contendo de uma a duas pílulas.
CUIDADOS
Muitas mulheres já passaram por alguma situação arriscada e recorreram à pílula do dia seguinte para evitar a gravidez indesejada. Porém, muitas mulheres usam esse meio de emergência como se fosse um método anticoncepcional, não sabendo dos riscos que correm.
Especialistas alertam que a pílula do dia seguinte deve ser usada em caso de extrema urgência, só em casos em que o preservativo rompeu acidentalmente, se esqueceu de tomar o anticoncepcional ou em decorrência de estupros. Mas ela não pode ser trocada pela camisinha, pois ela não previne contra as doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV e porque, se tomada com muita frequência, pode trazer problemas de saúde para a mulher.
Os especialistas explicam que são dois os comprimidos que devem ser tomados. O primeiro deve ser ingerido em até 72 horas depois da relação, mas, quanto antes (preferencialmente depois de 24 horas), maior será a sua eficácia. Em seguida, 12 horas depois da ingestão da primeira dose, deve-se tomar a segunda. Se já tomou anticoncepcional tradicional, não há necessidade de tomar a pílula do dia seguinte.
A ingestão pode causar alguns efeitos colaterais, como dores de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, sensibilidade nos seios, alterações intestinais, além de alterar todo o mecanismo hormonal do organismo. Se for tomada com frequência, pode haver muitas complicações menstruais.
Para os foliões que irão cair na farra sem prevenção, a orientação da Secretaria de Saúde é que procurem o Centro de Referência Estadual de DST/HIV/AIDS de Feira de Santana após o período de 90 dias, período necessário para a realização dos exames para detectar a contaminação por DSTs e Aids.

Por Williany Brito
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 11.04.2010)

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