Elas são de diversos tipos e um verdadeiro tesouro, pois podem originar outros tipos de células e promover a cura de diversas doenças como o câncer e o Mal de Alzeimer. São da células-tronco que estamos falando.
Para explicar o que é e para que serve a célula-tronco, entre outros temas, o oncologista Augusto Mota, gestor do Instituto de Tumores/DIMED, concedeu entrevista exclusiva ao JORNAL FOLHA DO ESTADO. Confira.
Folha do Estado - O que são células-tronco e para que servem?
Augusto Mota - Células-tronco são células presentes no corpo humano com a capacidade de se diferenciar e se especializar em células de virtualmente todos os órgãos. Vou fazer uma analogia bem prática. Imagine um grupo de crianças de 2 anos de idade, cada uma das quais com capacidade infinita de se duplicar (clonar). No momento da duplicação uma permanece com os mesmos dois anos de idade indefinidamente, enquanto a outra segue adiante no processo de "envelhecimento" e vai, quando "crescer", ser um adulto com uma tarefa específica: ser jornalista ou médico, por exemplo. Assim são as células-tronco. Ao mesmo tempo em que detém a capacidade de se diferenciar em células altamente especializadas (células cardíacas, células nervosas, células do sangue, etc.), elas também conseguem reter a capacidade de permanecerem indiferenciadas, ou seja, podendo na próxima divisão celular dar origem a qualquer outra célula, dependendo da demanda do corpo onde ela está inserida.
FE - Onde as células-tronco podem ser encontradas?
AM - Em praticamente todos os tecidos do corpo humano. Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias medicinais. Atualmente, órgãos e tecidos doados são freqüentemente usados para repor aqueles que estão doentes ou destruídos.
FE - Qual é a diferença entre célula-tronco embrionária e célula-tronco adulta?
AM - As células-tronco embrionárias são células presentes em uma fase muito precoce logo após a junção do espermatozóide com o óvulo - fase embrionária (daí o nome). À medida que o embrião se desenvolve ele se transforma em um feto, e, por fim, em um ser vivo fora do útero. Na fase adulta o ser humano ainda continua com células-tronco espalhadas nos diferentes tecidos do corpo, e são chamadas de adultas por poderem ser retiradas de um organismo na sua fase adulta de vida.
FE - As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tratamentos são feitos?
AM - Eu diria que atualmente um novo capítulo está sendo escrito no que diz respeito ao tratamento de algumas doenças que afetam o ser humano. A terapia celular, como tem sido chamada (tratamento com o uso de células, ao invés de medicamentos apenas) está sendo utilizada em uma gama muito grande de doenças de praticamente todos os órgãos e tecidos do corpo humano. Infelizmente, entretanto, como esse capítulo apenas começou a ser escrito, os dados da literatura ainda devem ser considerados imaturos para concluirmos que se trata de um tratamento consagrado. Em minha opinião, apesar de muito promissora, a terapia celular ainda deve ser considerada experimental para a vasta maioria das indicações.
FE- Os tratamentos são muito caros?
AM - Depende. O tratamento em si pode não ser necessariamente caro, mas a estrutura necessária para isolar as células, purificá-las e depois injetar no corpo humano pode demandar uma estrutura hospitalar muito complexa, o que em si pode ser cara.
FE - No Brasil, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em grandes centros de pesquisa, como os grandes hospitais e somente para pacientes que assinam um termo de consentimento e concordam em participar desses estudos clínicos. Feira de Santana já possui tratamento com células-troncos?
AM - Infelizmente ainda não temos estrutura em Feira de Santana para conduzirmos estudos com células-tronco. A Bahia, entretanto, é um dos estados pioneiros nos estudos com células-tronco, principalmente nas áreas de cardiologia e doenças do fígado.
FE - O senhor desenvolve pesquisas com células-troncos?
AM - Desde 2002 faço parte de um grupo que trabalha com células-tronco para tratamento de Doença de Chagas e de doenças hepáticas.
FE - No Brasil, onde já se faz tratamentos com células-tronco?
AM - Em vários centros espalhados por todo país.
FE - Qual é o futuro da terapia com células-tronco?
AM - Eu, particularmente, acho que a terapia com células-tronco tem um futuro muito promissor. Naturalmente que ainda temos muito caminho a percorrer até entender de maneira mais aprofundada como as células-tronco serão capazes de reverter os danos causados por doenças específicas.
FE - Quais são os argumentos dos cientistas, do ponto de vista ético, para defender o uso das células-tronco?
AM - Há realmente alguns pontos nesse novo capítulo da terapia celular que suscitam discussões éticas, mas eu diria que o dilema ético mais debatido diz respeito ao uso de células-tronco embrionárias. Isso porque para que essas células sejam isoladas é preciso, na vasta maioria das vezes, inutilizar um embrião que poderia dar origem a outra vida humana. Para os religiosos, como a vida humana começa no ato da fecundação entre o espermatozóide e o óvulo, o embrião já é vida humana. Para os cientistas, a vida humana começa em pontos diferentes, mas quase todos consideram que o embrião ainda não é vida humana. Essa é a principal fonte de embate ético envolvendo uso de células-tronco embrionárias.
Para explicar o que é e para que serve a célula-tronco, entre outros temas, o oncologista Augusto Mota, gestor do Instituto de Tumores/DIMED, concedeu entrevista exclusiva ao JORNAL FOLHA DO ESTADO. Confira.
Folha do Estado - O que são células-tronco e para que servem?
Augusto Mota - Células-tronco são células presentes no corpo humano com a capacidade de se diferenciar e se especializar em células de virtualmente todos os órgãos. Vou fazer uma analogia bem prática. Imagine um grupo de crianças de 2 anos de idade, cada uma das quais com capacidade infinita de se duplicar (clonar). No momento da duplicação uma permanece com os mesmos dois anos de idade indefinidamente, enquanto a outra segue adiante no processo de "envelhecimento" e vai, quando "crescer", ser um adulto com uma tarefa específica: ser jornalista ou médico, por exemplo. Assim são as células-tronco. Ao mesmo tempo em que detém a capacidade de se diferenciar em células altamente especializadas (células cardíacas, células nervosas, células do sangue, etc.), elas também conseguem reter a capacidade de permanecerem indiferenciadas, ou seja, podendo na próxima divisão celular dar origem a qualquer outra célula, dependendo da demanda do corpo onde ela está inserida.
FE - Onde as células-tronco podem ser encontradas?
AM - Em praticamente todos os tecidos do corpo humano. Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias medicinais. Atualmente, órgãos e tecidos doados são freqüentemente usados para repor aqueles que estão doentes ou destruídos.
FE - Qual é a diferença entre célula-tronco embrionária e célula-tronco adulta?
AM - As células-tronco embrionárias são células presentes em uma fase muito precoce logo após a junção do espermatozóide com o óvulo - fase embrionária (daí o nome). À medida que o embrião se desenvolve ele se transforma em um feto, e, por fim, em um ser vivo fora do útero. Na fase adulta o ser humano ainda continua com células-tronco espalhadas nos diferentes tecidos do corpo, e são chamadas de adultas por poderem ser retiradas de um organismo na sua fase adulta de vida.
FE - As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tratamentos são feitos?
AM - Eu diria que atualmente um novo capítulo está sendo escrito no que diz respeito ao tratamento de algumas doenças que afetam o ser humano. A terapia celular, como tem sido chamada (tratamento com o uso de células, ao invés de medicamentos apenas) está sendo utilizada em uma gama muito grande de doenças de praticamente todos os órgãos e tecidos do corpo humano. Infelizmente, entretanto, como esse capítulo apenas começou a ser escrito, os dados da literatura ainda devem ser considerados imaturos para concluirmos que se trata de um tratamento consagrado. Em minha opinião, apesar de muito promissora, a terapia celular ainda deve ser considerada experimental para a vasta maioria das indicações.
FE- Os tratamentos são muito caros?
AM - Depende. O tratamento em si pode não ser necessariamente caro, mas a estrutura necessária para isolar as células, purificá-las e depois injetar no corpo humano pode demandar uma estrutura hospitalar muito complexa, o que em si pode ser cara.
FE - No Brasil, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em grandes centros de pesquisa, como os grandes hospitais e somente para pacientes que assinam um termo de consentimento e concordam em participar desses estudos clínicos. Feira de Santana já possui tratamento com células-troncos?
AM - Infelizmente ainda não temos estrutura em Feira de Santana para conduzirmos estudos com células-tronco. A Bahia, entretanto, é um dos estados pioneiros nos estudos com células-tronco, principalmente nas áreas de cardiologia e doenças do fígado.
FE - O senhor desenvolve pesquisas com células-troncos?
AM - Desde 2002 faço parte de um grupo que trabalha com células-tronco para tratamento de Doença de Chagas e de doenças hepáticas.
FE - No Brasil, onde já se faz tratamentos com células-tronco?
AM - Em vários centros espalhados por todo país.
FE - Qual é o futuro da terapia com células-tronco?
AM - Eu, particularmente, acho que a terapia com células-tronco tem um futuro muito promissor. Naturalmente que ainda temos muito caminho a percorrer até entender de maneira mais aprofundada como as células-tronco serão capazes de reverter os danos causados por doenças específicas.
FE - Quais são os argumentos dos cientistas, do ponto de vista ético, para defender o uso das células-tronco?
AM - Há realmente alguns pontos nesse novo capítulo da terapia celular que suscitam discussões éticas, mas eu diria que o dilema ético mais debatido diz respeito ao uso de células-tronco embrionárias. Isso porque para que essas células sejam isoladas é preciso, na vasta maioria das vezes, inutilizar um embrião que poderia dar origem a outra vida humana. Para os religiosos, como a vida humana começa no ato da fecundação entre o espermatozóide e o óvulo, o embrião já é vida humana. Para os cientistas, a vida humana começa em pontos diferentes, mas quase todos consideram que o embrião ainda não é vida humana. Essa é a principal fonte de embate ético envolvendo uso de células-tronco embrionárias.
LOCAIS ONDE AS CÉLULAS-TRONCO PODEM SER ENCONTRADAS
1. Cérebro - A maioria das células-tronco neuronais é encontrada no cérebro. Elas também existem na medula espinhal
2. Pulmão - Os cientistas acreditam que existam diferentes populações de célul
as-tronco nos pulmões. A identidade de algumas delas é controversa
4. Fígado - Células-tronco hepáticas substituem células velhas e se multiplicam rapidamente quando o órgão é danificado
5. Intestino - Células-tronco produzem milhares de novas células intestinais a cada dia. Elas substituem células danificadas durante o processo de digestão
6. Medula óssea - Aqui ficam as células-tronco mais potentes, capazes de se transformar em vários tecidos. Elas são produzidas dentro dos ossos e viajam pelo organismo através do sistema circulatório. Os cientistas brasileiros estão testando terapias baseadas nessas células em pacientes de: Doença de Chagas,Cirrose hepática, Diabetes, Insuficiência cardíaca, Necrose óssea, Derrame, Esclerose múltipla
7.Músculos - Traumas e lesões provocados pelo excesso de exercício induzem as células-tronco a regenerar os músculos
(Entrevista publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 18.10.2009)
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