sábado, 24 de outubro de 2009

AS FRONTEIRAS ENTRE A MEDICINA ALTERNATIVA E A TRADICIONAL

A busca pelo tratamento mais adequado é o dilema de muitos pacientes


O médico é um dos mais importantes profissionais presentes na sociedade. Sua função está ligada à manutenção e restauração da saúde. Hoje, 18 de outubro, é comemorado o Dia do Médico em muitos países, como Brasil, Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos. Esta data foi escolhida por ser o dia consagrado a Lucas, o "amado médico", segundo o apóstolo Paulo. Lucas teria estudado medicina em Antioquia, além de ser pintor, músico e historiador; um dos mais intelectuais discípulos de Cristo. A tradição de ter Lucas como o patrono dos médicos se iniciou por volta do século XV.
Hoje, é cada vez mais difícil entender a especialidade de um médico. Clínico-geral homeopata? Fisiologista ortomolecular? Psiquiatra antroposófico? As fronteiras entre medicina tradicional e alternativa parecem cada vez mais obscuras. Quem procura tratamento deve, em primeiro lugar, entender que só é considerado médico a pessoa com diploma universitário e registro no Conselho Regional de Medicina. Os chamados terapeutas holísticos, de Florais de Bach, de íris, têm, quase sempre, outro tipo de formação.A alopatia (medicina tradicional) abarca 64 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): urologia, neurologia, ginecologia, pediatria, entre outras. Além dessas, apenas as alternativas homeopatia e acupuntura têm o aval do CFM. “É muito importante a aceitação dos médicos com alguns tratamentos. Isso já é um grande avanço para nós, que acreditamos nessa terapia”, comemora a psicanalista especialista em terapias complementares, Lívia Medeiros.

ALTERNATIVA
Em 1796, o médico alemão Samuel Hahnemann desenvolveu a homeopatia. Os homeopatas afirmam tratar os doentes e não as doenças. A medicina antroposóficado, do grego ánthropos (homem) + sophía (sabedoria), foi criada em 1920 pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner e considera o homem como constituído de uma parte física, uma parte vital, outra emocional e um cerne espiritual. A acupuntura, do latim acus (agulha) + punctum (picada), foi criada pelos chineses em torno de 1000 a.C. e consiste em estimular pontos específicos do corpo com agulhas, laser ou ímãs, para aliviar dores, como enxaqueca e artrite.
A maioria das abordagens alternativas está baseada no vitalismo, o conceito de que as funções corporais existem devido a um princípio vital ou força da vida distinta das forças físicas explicáveis pelas leis da física e da química e detectáveis pela instrumentação científica.
Os praticantes cujos métodos são baseados na filosofia vitalista sustentam que as doenças deveriam ser tratadas pela "estimulação da habilidade do corpo para curar a si mesmo" ao invés de "tratar os sintomas". Os homeopatas, por exemplo, explicam que as doenças acontecem devido a um distúrbio da "força vital" do corpo, ao passo que os acupunturistas dizem que a doença é devido ao desequilíbrio no fluxo da "energia vital" (chi ou Qi). No entanto, as energias postuladas pelos vitalistas não podem ser mensuradas pelos métodos científicos.

CONVENCIONAL
Alopatiado grego állos (outro) + páthos (doença): é a medicina tradicional, um sistema terapêutico que consiste em tratar as doenças por meios contrários a elas, procurando conhecer suas causas e combatê-las. Os procedimentos, diagnósticos e medicamentos alopáticos são em geral resultado de estudos científicos.
O método científico é o conjunto de ferramentas para ponderar e investigar o mundo natural. Os cientistas fazem hipóteses sobre como o mundo funciona e então conduzem experiências para testá-las. Para serem testáveis, as hipóteses devem ser passíveis de refutação. A comunidade científica procura testar a validade das ideias sobre a natureza e o tratamento das doenças. Os julgamentos são fundamentados no método científico.
Nos últimos 150 anos, a maioria dos avanços na medicina, e em todas as outras ciências, tem resultado do seu uso. Desta forma, para a maioria dos cientistas, a medicina alternativa e todas as suas práticas, são altamente questionáveis.



MEDICINA ALTERNATIVA: OPÇÃO NATURAL DE TRATAMENTOS

Fogo, terra, água, sol e planta. Esses são os recursos disponíveis na natureza utilizados na medicina alternativa, que tem por objetivo, segundo especialistas, melhorar a qualidade de vida do ser humano fortalecendo seu sistema imunológico, despertando sua consciência para um equilíbrio energético, físico, emocional e espiritual. Cada vez mais as pessoas procuram outras formas de resolver seus “problemas médicos”.
Quando surgiu como especialidade médica, na década de 90, a acupuntura ainda era um ramo da medicina pouco difundido. O mesmo aconteceu com a homeopatia, reconhecida pela Associação Médica Brasileira desde 1976. Hoje, essas e outras formas de medicina ditas complementares ou alternativas estão sendo cada vez mais requisitadas. Isso não significa que a clássica não funcione mais, porém essa tendência estaria atrelada à busca pelo diferente e o acesso mais fácil e barato ao tratamento.
Defensores da medicina alternativa afirmam que as terapias alternativas muitas vezes dão ao público serviços não disponíveis na medicina convencional. Esse argumento encobre uma ampla gama de áreas, como métodos alternativos de alívio da dor, serviços de redução de estresse, entre outros métodos preventivos que não são tipicamente parte da medicina convencional.
Diferente da medicina tradicional, a medicina alternativa se preocupa com os desequilíbrios energéticos que levam o indivíduo a adoecer. “É o conjunto de técnicas milenares que tem como meta levar o ser humano a ficar mais próximo de sua essência de maneira simples e natural”, explica a psicanalista em medicina alternativa, em Feira de Santana, Lívia Medeiros (foto).

BUSCA PELO TRATAMENTO
De acordo a especialista, a procura pelo tratamento aumenta o cada dia e não possui contra indicação. “A busca tem sido intensa. As pessoas andam carentes de tratamentos mais saudáveis, que favoreçam sua qualidade de vida”, afirma Lívia, que diz que a terapia é procurada por pessoas de todas as idades: “Homens e mulheres procuram os tratamentos de forma bem equivalente. Além deles, crianças e adolescentes têm buscado na medicina alternativa soluções para hiperatividade (desordem do déficit de atenção), ansiedade e concentração no processo de ensino e aprendizagem”, destaca.
Os tratamentos com a medicina alternativa são feitos após uma avaliação holística (ver o ser humano como um todo). “Cada pessoa tem um histórico clínico, incluindo traumas emocionais e físicos que irão influenciar no tipo de terapia a ser utilizada”, explica a especialista. Segundo ela, um dos principais motivos que levam os pacientes a procurar a terapia é a busca pela qualidade de vida. Mas, salienta: “Porém, a contribuição destas terapias para o tratamento de diversas patologias como enxaqueca, fobia, medo, ansiedade, depressão, dores nas articulações, na coluna, labirintite entre outros, tem sido bastante freqüentes”.
A especialista lamenta a falta de pesquisa nessa área em Feira de Santana. “Feira ainda é muito carente em relação às terapias complementares. Acho que sua divulgação ainda é muito precária”, diz.


Por Williany Brit
o
(Matérias publicadas no Jornal Folha do Estado, no dia 18.10.2009)

0 comentários:

Postar um comentário