Estabelecimentos que difundem a prática de atividades esportivas em Feira de Santana se tornaram alvo de projeto de lei na semana passada, na Câmara Municipal de Vereadores. A matéria tem o intuito de obrigar academias de ginástica, quadras poliesportivas, clubes sociais e estabelecimentos similares, públicos e privados, adotar medidas de prevenção contra doenças cardiovasculares. O projeto não traz muitas novidades diante dos esclarecimentos feitos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 2009.
Dizer apenas se uma pessoa pode ou não praticar exercícios físicos não basta. Com base em relatos de pacientes que passaram mal e até de mortes em academias, a Sociedade Brasileira de Cardiologia passou a defender que os atestados médicos sejam padronizados e deixem claros os limites de cada um antes de suar a camisa. Eles devem ter o número de batimentos cardíacos e os exercícios ideais.
O autor do projeto, o vereador Ewerton Carneiro, diz no texto que frequentadores, sócios ou convidados desses estabelecimentos devem apresentar, no ato da matrícula ou ingresso, atestado médico de aptidão para a prática de atividade que exija esforço físico, bem como de testes ergométricos, aquele da esteira, indicando sua condição. “As empresas devem proporcionar, por meio de faixas, cartazes e outros recursos visuais, sobre os cuidados que os praticantes de atividade física devem tomar”, salienta o vereador.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, um atestado seguro é feito depois de consulta médica, eletrocardiograma, que podem detectar problemas no coração. Quem tem mais de 35 anos ou pretende treinar para competir, deve fazer um teste ergométrico. Os exames médicos devem vir antes dos testes físicos. O ideal é que o atestado indique o número máximo de batimentos cardíacos que não podem ser ultrapassados e os exercícios adequados para cada pessoa.
Academias sugerem fiscalização para cumprimento da lei
O proprietário de uma academia na cidade, Ricardo Pires Meireles (foto), 40 anos, conhece os dois lados da “moeda”. Ele, que já foi fisiculturista profissional com títulos internacionais, lutador de vale-tudo e ex-jogador de futebol, sabe o que é estar como aluno e, agora, como dono de um estabelecimento que oferece a prática de exercícios físicos.
“Aqui na academia preservamos a qualidade no atendimento aos alunos. Desde quando foi fundada, contamos com um profissional que proporciona os cuidados necessários que os praticantes de atividade física devem tomar”, diz Ricardo, referindo-se à fisiologista Kátia Alves. Ela afirma que é de “extrema” importância o atestado antes mesmo do início dos exercícios físicos.
“Exigimos o laudo médico acima de 40 anos e nos jovens são feitas avaliações físicas. Isso para checar dados dos alunos, como: pressão arterial, os batimentos cardíacos, medidas antropomédicas. Preenchemos a ficha com todas as avaliações e verificamos o histórico de doenças na família do aluno”, salienta a fisiologista Kátia Alves.
Ricardo Pires afirma que, para a lei ser mais eficaz, a fiscalização deve acontecer não só em academias, mas também ocorrer em “farmácias que vendem medicações sem prescrições médicas; lojas de suplementos que comercializam produtos inapropriados e até com os próprios cidadãos, que devem ter responsabilidade suficiente para não proceder de forma a prejudicar a própria saúde”.
Para o vereador e médico Getúlio Barbosa, o projeto contribuirá para a prevenção de sérios riscos que ameaçam as pessoas que iniciam a prática esportiva, especialmente nas academias de ginástica. Na opinião dele, tornando obrigatório o exame preventivo, automaticamente vai diminuir o risco de morte súbita e de lesões articulares. “Não existe lei regulamentando que antes de iniciar a atividade física é preciso que a pessoa se submeta a avaliação médica. Há que se observar a idade de cada indivíduo”, explicou.
(Matéria publicada no Jornal Folha do Estado, no dia 20.06.2010)