quarta-feira, 9 de setembro de 2009

REPRODUÇÃO HUMANA: OPÇÃO EFICAZ PARA OS CASAIS INFÉRTEIS

Casais recorrem à medicina para realizar o sonho de ter filhos


Fertilização in vitro é o método mais eficaz
Após 31 anos do nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Brown (filha da inglesa Leslie Brown e seu marido John Brown), vários casais resolveram procurar na medicina respostas para as dificuldades de engravidar. A menina foi concebida graças ao trabalho de um biólogo e um ginecologista, que realizaram um sonho de longa data. Dr. Patrick Steptoe, já falecido, e o fisiologista Robert Edwards foram os pioneiros da nova técnica.
No Brasil, seis anos depois, em 1984, nascia o primeiro bebê de proveta. O nascimento de Ana Paula Caldeira, no Paraná, foi comemorado como uma vitória. A mãe do bebê, Ilza Caldeira, contrariando todas as expectativas - tinha 36 anos, cinco filhos e um histórico de saúde complicado por uma peritonite pós-parto - estava decidida a engravidar e buscou auxílio médico em São Paulo, com o Dr. Milton Nakamura, pioneiro brasileiro em fertilização in vitro (técnica utilizada para tratar a esterilidade devida a outras causas, como endometriose, problemas do parceiro e até esterilidade sem causa aparente).
Atualmente, as crianças nascidas por FIV são milhares no mundo inteiro, as estatísticas apontam algo em torno de 3 milhões. Segundo especialistas, o Brasil é centro de excelência em reprodução humana assistida, os resultados obtidos aqui são iguais aos dos melhores centros do mundo.
Existem no país cerca de 190 clínicas de reprodução humana. Uma delas é o Centro de Medicina Reprodutiva – Cenafert, primeira clínica especializada em reprodução humana do interior da Bahia. Localizada em Feira de Santana, a clínica tem como diretores os ginecologistas Joaquim Roberto Lopes e Simone Portugal e a bióloga Silene Portugal. Desde a sua criação, em 5 de março deste ano, 153 casais de Feira e região já fizeram consulta e estão em vias de tratamento.Vinte casais já chegaram até a fertilização in vitro. Esse número vem crescendo, graças à tecnologia que se desenvolve a cada dia. O que pode ser feito hoje, neste campo, nem foi sonhado em 1978, por Steptoe e Edwards.
Segundo a especialista em reprodução humana Simone Portugal, não é fácil criar uma clínica nessa área. Uma clínica desse porte, segundo ela, tem de ser formada por profissionais capacitados, embriologistas e uma estrutura laboratorial bem elaborada. “Fazer reprodução humana não é fácil e não é para qualquer um”, afirma a especialista.


AVANÇOS
A ciência também avançou no diagnóstico das causas de infertilidade. Os especialistas em Reprodução Humana estimam que 40% dos fatores que impedem a gestação partem de alterações e problemas vindos do sexo feminino. Já 35% são de responsabilidade masculina. “15% dizem respeito a ambos e o restante seria de infertilidade sem causa aparente”, explica Simone, que confessa estar surpresa com o número de pessoas que procuram a técnica de reprodução em Feira.
Ela salienta que “a investigação das causas da infertilidade do homem por um médico andrologista (urologista especializado em fertilidade masculina) é tão necessária quanto a da mulher, por um ginecologista, e deve ser realizada ao mesmo tempo".
A clínica conta com larga experiência em reprodução assistida e tem como missão garantir atenção integral ao casal que sonha em ter um filho. "Nosso objetivo é oferecer à população feirense e aos moradores das cidades vizinhas um serviço médico qualificado para os casais que sofrem de infertilidade. Dessa forma, garantir que essas pessoas não precisem se deslocar com frequência para Salvador ou para outras capitais para fazer o tratamento", diz Simone.

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Nascimentos por fertilização in vitro:
1978 -
Nascimento do primeiro bebê de proveta do mundo, Louise Brown;
1978- Nascimento do segundo bebê de proveta, na Índia, 67 dias após o nascimento de Louise Brown;
1981 - Nascimento do primeiro bebê de proveta americano, Elizabeth J. Carr;
1981 - Nascimento dos primeiros gêmeos concebidos por fertilização in vitro, Stephen e Amanda Mays (EUA);
1983 - Nascimento dos primeiros trigêmeos concebidos por fertilização in vitro, em Adelaide, Austrália;
1984 - Nascimento do primeiro bebê de proveta brasileiro, Ana Paula Caldeira.




CONHEÇA AS TÉCNICAS DE
REPRODUÇÃO HUMANA



Segundo a especialista Simone Portugal, existem duas formas de reprodução humana assistidas: a fertilização e a inseminação. “As técnicas de baixa complexidade são as que o próprio ginecologista pode fazer em consultório. Já as de alta complexidade seriam a inseminação e a fertilização, que só devem ser feitas em clínicas especializadas, de preferência”, recomenda a médica.
A especialista garante que não há manipulação de células e gametas. “O contrário do que muitas pessoas pensam, na reprodução não ocorre o aumento no número de má formação de maneira geral. Isso acontece em 3% da população, e a reprodução não altera esse número e nem a quantidade de aborto”, afirma Simone.

FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV)
O FIV, ou bebê de proveta, é uma técnica muito mais complexa que necessita de laboratório mais especializado e com mais recursos do que aqueles necessários para realizar inseminação artificial. A fertilização in vitro é um método de Reprodução Assistida dirigido a indivíduos inférteis e a parceiros férteis em situações especiais. Tem por objetivo promover os meios para que espermatozóides fecundem óvulos fora do corpo da mulher. Esse procedimento se realiza no laboratório.
A FIV é feita por meio de uma etapa no homem e duas na mulher. “Essa técnica é a mais utilizada e costuma apresentar alta taxa de sucesso”, afirma a especialista Simone Portugal.
O único procedimento no homem é a "coleta". Depois de centrifugar o sêmen, descarta-se o líquido seminal e adiciona-se um meio de cultura aos espermatozóides que ficaram no fundo do tubo. Os espermatozóides mais saudáveis sobem ao topo.
Na mulher, a "coleta" também é o primeiro passo. Os óvulos são aspirados de dentro dos ovários com uma agulha especial e colocados em placas com meio de cultura (solução nutritiva que imita as substâncias da trompa). Depois, os óvulos maduros são selecionados. Eles serão armazenados por um período de 2 a 4 horas na incubadora (tempo necessário para finalizar a maturação).
O segundo procedimento na mulher é a "fertilização". Com a ajuda de uma microagulha, os espermatozóides que não entram espontaneamente nos óvulos são capturados individualmente e inseridos no citoplasma do óvulo. No dia seguinte verifica-se a formação dos núcleos feminino e masculino, a fertilização propriamente dita. Os embriões estão prontos para serem transferidos para o útero quando desenvolvem de 4 a 8 células.
“A eficiência dos procedimentos é, em grande parte, determinada pela qualidade dos profissionais e dos equipamentos disponíveis na Clínica, especialmente no laboratório de Reprodução Assistida”, diz Simone, mas salienta: “No entanto, existem condições que afetam as probabilidades de gravidez independente do esmero do serviço prestado. Estas são: o número de embriões de boa qualidade que são transferidos e a idade da mulher”.

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
A inseminação artificial pode ser classificada, de acordo com a origem do sêmen, em: inseminação com sêmen do parceiro (IAP) e inseminação com sêmen de doador (IAD).
O objetivo da inseminação artificial é depositar os espermatozóides, após um processo de melhoramento, no local onde normalmente ocorre a fecundação (nas trompas). “O espermatozóide é colocado dentro do útero, que vai até o óvulo, onde, de fato, ocorre a fecundação”, explica a especialista. De acordo com ela, habitualmente, a mulher utiliza medicamentos na inseminação para que se obtenha um maior número de óvulos.
A ovulação é controlada através de exames de ultra-som para que se possa determinar o momento preciso para a realização do procedimento. Para realizar a inseminação é necessário que a mulher possua pelo menos uma trompa saudável.
Os casais que se beneficiam desta técnica são os que apresentam alterações no muco cervical, infertilidade inexplicada e alterações leves no esperma.
Clique na imagem e saiba mais sobre reprodução humana

Por Williany Brito

(Matérias publicadas no Jornal Folha do Estado, no dia 30.08.2009)

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