quinta-feira, 12 de março de 2009

HGCA incentiva doação de medula óssea

O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) abriu o cadastro para doadores de medula óssea em Feira de Santana. O transplante é a única esperança de cura para portadores de aplasias de medula óssea grave, algumas leucemias, outras doenças primárias da medula óssea e alguns cânceres avançados.
Os dados são alarmantes. De acordo com informações do Hospital do Câncer (HC) de São Paulo, o Redame (Programa de Cadastro de Receptores de Medula Óssea) constatou que 2 mil pacientes aguardam para fazer o transplante. Enquanto, no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) existem 300 mil inscritos para o processo. “Parece grande o número de doadores, mas não é, pois para cada doador não aparentando a probabilidade para ser compatível é de um para cem mil portadores da doença”, afirma a assistente social do Clériston Andrade, Rita Guirra.
A possibilidade de encontrar doador relacionado é pequena – aproximadamente 35% dos pacientes têm irmãos em condições de doar. Devido à redução da família nuclear brasileira, a tendência é diminuir mais esta percentagem. O estudante Jerferson Cintra, de 21 anos, é um exemplo. Ele, que desde dezembro está internado no HGCA, é portador da anemia aplástica, mas as medulas ósseas dos seus pais e irmão são incompatíveis com a dele.
A doença é provocada quando a medula óssea produz em quantidade insuficiente os três diferentes tipos de células sanguíneas existentes: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Já a leucemia (que para ser tratada é necessário, também, o transplante de medula óssea) é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) de origem, na maioria das vezes, não conhecida.
De acordo com a médica assistente do HGCA, Clara Leão, que cuida do caso de Jerferson, o hospital não propicia o tratamento necessário para a cura. “Ele não está respondendo ao tratamento e precisa ser levado a um centro de referência em hematologia em Salvador”, conta a médica, que salienta: “É preciso que as pessoas colaborem fazendo doações de medula óssea e sangue, já que durante o tratamento dessa doença os pacientes precisam de sangue, como é o caso de Jerferson”.

Informações essenciais para doação da medula óssea


O estudante Jerferson Cintra é uma das inúmeras pessoas que necessitam do transplante de medula óssea. Segundo ele, a doença não é motivo para desistência de uma vida promissora. “Desde quando descobri a minha doença, tento levar uma vida normal, como todas as outras pessoas. Existem pacientes com estados piores que o meu e que já estão há mais tempo no hospital. Com isso, como poderei desistir assim? Acredito na minha recuperação”, afirma o jovem.
Ele se diz ciente da gravidade da doença e das dificuldades que tem de enfrentar para conseguir um transplante. "Os três meses no hospital estão sendo difíceis, mas não deixo de estar esperançoso com minha recuperação", afirma o estudante. De acordo com a médica assistente do HGCA, Clara Leão, é impressionante a força de vontade do rapaz. “Ele, desde quando chegou ao hospital, nunca apresentou depressão”, diz a médica.

TRANSPLANTE

Para ajudar os pacientes com o transplante de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde. De acordo com Rita Guirra, assistente social do HGCA, para se cadastrar o candidato a doador deverá procurar o hospital, onde será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador).
“Os dados do doador são inseridos no cadastro do Redome e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação”, explica Rita. O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas.
O critério para selecionar os pacientes que passam pelo transplante é a entrada no sistema do Registro Brasileiro de Receptores de Medula Óssea (Rereme), através do qual será efetuada a conexão com os dados existentes no Redome e a localização do doador. Se o paciente tem a indicação do transplante e for inscrito no Rereme, ele fará o procedimento (transplante) logo que for localizado o doador. O transplante só não será realizado uma vez que o estado geral do receptor piore.

Por: Williany Brito

(Matéria publicada no dia 13.03.2009 no Jornal Folha do Estado)


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